Coleção de Textos

27 de jun. de 2012

Tudo o Que Não Dá Para Acreditar

Eu simplesmente não consigo acreditar em ação coletiva. Eu sei que o mundo funciona de acordo com a ação de cada um. E, se ao fim, você já teve a ilusão de algum dia ter visto alguma coisa mudar pela ação de muitos juntos, acredite que essa ilusão se dá apenas pelos mecanismos linguísticos. O que você viu não foi muitos numa ação, mas sim o resultado de muitos esforços individuais somados.

Não dá para acreditar que precisemos mobilizar. Precisamos é agir. Não precisamos vislumbrar os mesmos fins: precisamos apenas abominar a situação em que estamos.

Isto não é poesia, muito menos eu queria que fosse. E pode até não parecer uma crônica, talvez porque de fato não o é. Isso é apenas...

25 de jun. de 2012

Eu Nunca

Eu nunca menti na vida, eu nunca escrevi poesia, eu nunca falei verdade, eu nunca soube ao certo. Eu nunca escolhi nada, eu nunca me expus a algo, eu nunca tomei decisão, eu nunca fui influenciado, eu nunca foi objeto do destino. Eu nunca fui infeliz, eu nunca vi felicidade, eu nunca acreditei em alegria, eu nunca fui descontente, eu nunca me enfezei à toa, eu nunca botei fé em fúria, eu nunca deixarei de ser tão aprendiz.

19 de jun. de 2012

Reprise

Todo dia eu vivo
E nem me dou conta
Devagar eu vou
Fazendo todo dia
O que eu faço
Inconscientemente
Eu vou replicando
O meu nome

16 de jun. de 2012

Cotidiano No. 4

Eu sinto falta de água na minha boca. Há três horas que eu só tomo pequenos goles de cachaça e grandes tragadas de vinho. Minha cabeça é uma esponja, e tudo foi absorvido por ela.

Sinto dificuldades de digitar, de pensar e, até mesmo de manter os olhos abertos. Mas, apesar de tudo, eu digito pensando e, surpreendentemente, vendo o que eu escrevo.

Minha cabeça gira quando fecho os olhos e as minhas pernas formigam. Eu fico ouvindo um zumbido e minhas pálbebras pesam.

Ontem eu sonhei que tinha raspado meus cílios, acordei desesperado. Hoje nenhum sonho terei. Meu sono será um desmaio.