Coleção de Textos

28 de nov. de 2011

Caso

ÀS VEZES eu sinto falta de ter um lugar para estar no fim da noite. E muitas luas passaram com a minha angústia de estar onde não quero estar por não saber estar onde eu quero ir. 


Muitas vezes, eu me sinto só e só sinto que talvez eu só queira estar em casa. Mas caso isso seja o caso, eu não sei o que é essa vontade estranha que me bate casualmente.

Hoje

Hoje eu só quero escrever, sem nem olhar ou reler o que escrevi. E vou escrever assim, descuidada e desesperadamente, porque a angústia é o lápis, a consciência é borracha.

17 de nov. de 2011

Conservando

Estou disposto a desposar qualquer bela simples, singela e quieta que por mim passar blefando o seu destino e, assim que eu o fizer, lhe darei conforto e vida fácil, trato, traje pra casa e festa e de festejarmos viveremos, tantos anos, com muitos filhos, muitos pequenos; e de tantos filhos, uma netarada, que me ajudarão, brincarão na estrada de terra, porque será rural, bucólica e bela a nossa vida.

E viveremos do nosso trabalho. Não de trabalho de pouco peso, nada de fazeres citadinos, nada de restar obeso num canto de uma poltrona, enquanto perco os cabelos por preocupação que vem das coisas inventadas e dos tantos problemas que os homens se arrumam hoje para si. 

Plantarei tudo o que a terra puder me dar, e que der para meus filhos, netos e a quem mais precisar sustentar, porque nisso não vejo problema, nunca sofri do mal da alma pequena, não me complico em favorecer quem quer que seja com um pouco do meu trabalho.

E a minha casa será simples, forte, sólida e cara. Será cheia de bugigangas e parafernalhas, tudo o que a minha cabeça me deixar inventar e produzir, conforme a data de vida que Deus permitir, e tudo o que fizer quererei deixar, para cada um que passar por meu lar, como uma simples lembrança da existência de um eu, que talvez nunca mais volte a si.

E eu viverei assim, pouco me importando para o que dizem que é melhor que o meu, mas nunca deixando de querer o que eu posso ter de melhor de mim: a vida conservadora é um pouco assim, e se suspirou três vezes ao imaginar, ou se pensou em que melhor nisso poderia ser, é porque conserva também a essência em você, conservando a tradição contigo seguirá.

9 de nov. de 2011

Sem Jeito

Eu sou meio sem jeito... mas isso já me deu muita coisa boa na vida: eu tropeço, caio feio um tombo, levanto, me arribo, bato um soco no peito, me reafirmo sem jeito, logo me recomponho, jogo a mala no lombo, me idolatro, digo que aguento, restauro meu sonho.

Eu sou de veras sem jeito. Tenho jeito mesmo não. Eu teimo, faço birra e manha, tamanha artimanha, irrito o cão, vivo vivendo, pra baixo e pra cima, cantando em rima, me alegra a canção.

Eu sou realmente sem jeito. Mas é que eu sou assim: não atuo, não finjo, amargura ou dor, nunca me restrinjo em praticar meu amor.

Minto

Eu minto
Minto descaradamente
Afinal,
Quem neste mundo não mente?

Eu finjo
E nem me sinto culpado
Qual parte
Nisso poderia ser errado?

Eu sei
Todo mundo é assim
E tem gente
Que ainda mente pra mim

Descontente

A gente não consegue se contentar com o pensamento de que o mundo é grande. Parece um desafio. E aí a gente fica achando que a nossa vida é que é grande demais, a gente quer ver tudo, em todo lugar. Mas não, não dá. O mundo é gigante, a vida um grãozinho. 

Por mais que eu me sinta descontente, tenho que me contentar em apenas estar por aqui.

8 de nov. de 2011

Dormir

Se eu for dormir bem agora
Será que consigo sonhar
Com você agora em sua casa
Perdida ao em mim pensar


E se for dormir bem agora
Vou voando até o teu quarto
Em sonho eu vou flutuando
Beijar o teu corpo intacto


E se eu não dormir bem agora
E é o que provável farei
Ficarei muito atormentado
Ou então nunca mais dormirei?

7 de nov. de 2011

Paródia

Às vezes no silêncio da NOITE...
Eu FICO QUIETO no  escuro.

Meu Nome

São poucas vezes que me lembro de ter nome. Hoje foi uma delas. E de fato tenho, tenho nome, tenho filiação e tenho orgulho de tê-los. Mais, tenho história, tenho paixão e sinto felicidade de pensar que tudo o que tenho, com meu nome vou passar.

Confuso da Alma

Leitura de alma? 
Na alma penada
A mão não tem palma
Não sobra mais nada


Minha? 
Não poderia ser
Alma eu não tinha
Não consigo deter


Sua? 
E profunda
Pálida e nua
No vazio redunda


Sou alma confusa. 
Fantasma elegante
Verdade difusa
Pairando galante


Sinto a alma lida
Sob um novo ânimo
Confundo a vida
A minha e do anônimo

6 de nov. de 2011

E Fim

Pronto!
Já posso morrer,
Se for minha hora.


Avante!
Espero que isso
Não seja agora.


Adiante!
Começar é difícil,
No fim que melhora.


Aguente!
Tome seu caminho,
Vá logo embora.

3 de nov. de 2011

O Tempo de Um Ano



Na estrutura do tempo
Não sei o que anda errado
Coisas demoram bem menos
Chegando ao mesmo estado
A vida fui observando
Até ter reparado
E quando eu espero um ano
Eu posso fazê-lo sentado

2 de nov. de 2011

Eu Quero Mais

Eu quero mais do mundo, eu quero mais de ti, mas eu me nego a dar mais de mim. 


Eu quero mais de tudo, eu quero mais sentir, mas eu não posso me doar assim.


Eu quero mais, eu quero mais, eu quero mais, mesmo sem saber o que pode ser mais que o possível.


Eu quero mais é que você ignore o que eu quero demais.