Coleção de Textos

25 de jan. de 2012

Aposto

Aposto sem temer estar errado que o medo de escrever vem do fato de quase sempre ter a impressão de que muitos lêem o que você demonstra e poucos abrem o coração pra te dar algo em resposta. No fim e ao cabo, sempre parece que você fala a ninguém, com todo mundo te ouvindo. Ou que, no antro da consideração, as pessoas te julguem capaz de entrar e somente à indiferença hão de te destinar.

18 de jan. de 2012

Pacificando

PAZ





A paz é assim, ela gosta de ficar sozinha, encolhidinha em um canto, pacificando a si mesma.

13 de jan. de 2012


Onde Foi Que A Humanidade Falhou?

Em algum momento, a sociabilidade falhou.

Fico tristíssimo ao perceber o quanto a minha felicidade vem sendo menor: pode parecer uma tendência ao culto da infância, mas eu não digo nesse sentido. Falo de como a vida cotidiana no presente vai vendo seu sentido se esvaindo, mais e mais.

Houve um tempo em que meus pai, mãe, irmão e eu disputávamos (e às vezes dispensávamos) a tela de uma televisão, buscando assistir jornal, novela, desenho ou documentário. E, independente do que estivesse passando, e de quem tivesse escolhido a programação, estávamos os quatro ali, presentes de corpo e alma, absorvendo o conteúdo que queríamos, discutindo o que não queríamos... enfim, estávamos ali nós quatro.

Esse era o tempo em que o sofá não comportava os seus pés, sala não era lugar de comer - e cozinha, consequentemente, não era lugar de assistir televisão - falar palavrão dentro de casa era barrado e dormir cedo era a melhor alternativa.

Em algum momento, esse sistema falhou. E eu pergunto o porquê.

Nunca esqueci a imensa felicidade com a qual compramos uma televisão nova, pra substituir a velha, e depois uma menorzinha, pra colocar no quarto com o videogame, e depois uma gigante de plasma, pra ficar ligada o dia inteiro junto com as outras duas, e um computador pra todos, e depois um notebook pra mim, e mais um notebook, de modo que cada um na casa tivesse o seu próprio computador...

Me parece um desenvolvimento insano. De maneira nenhuma minha felicidade hoje é maior.

Eu sei que não falhou só na minha casa, mas o projeto de vida hoje é vazio na generalidade da nação.

Eu me sinto triste.

Cada um vive numa bolha, pensando em viver cada vez melhor.

Adrenalina era correr pra não ser pego antes de tocar o pique. Mas já temos a opção de escapar de um ataque terrorista em qualquer game de tiro em primeira pessoa.

Eu fico ainda mais triste.

Estou junto dos meus amigos e familiares. Ao mesmo tempo estou distante. E, ao contrário do que espalham por aí, eu não estou conectado ao mundo: eu estou afundado em mim.

1 de jan. de 2012

Mensagem Para o Novíssimo Ano de Dois Mil e Doze

Minha mensagem pra dois mil e doze não é para um ano, para uma pessoa, nem sequer para esse mundo. Minha mensagem desse novo ano não é diferente daquela que eu tive para o ano passado, porque este já foi um ano futuro também. A mensagem é sempre a mesma, e ela está em cada ato, cada olhar meu, cada gesto, cada palavra que eu balbucio e até mesmo nos perfumes que eu exalo. A mensagem é um código, que só pode se decodificar a partir de uma chave: PAZ.